Estão inauguradas as três peças que dão início ao POLDRA – Public Sculpture Project Viseu.

Num dia particularmente chuvoso para o verão e com relâmpagos a ecoar durante a tarde, o dia não se mostrava convidativo. Felizmente, a resiliência do público viseense fez com que enfrentasse as condições climatéricas adversas e, em retribuição, a chuva serenou no momento em que o Vereador da Cultura, Dr. Jorge Sobrado, se preparava para dar as primeiras palavras. Na sua curta apresentação ficaram dadas as boas-vindas e foi selada a promessa de que este início, em 2018, é o primeiro passo de uma aventura mais longa, que em 2019 continuará com mais obras e atividades.

João Dias, organizador da iniciativa, salientou a importância da nova linha de apoio a projetos culturais “Animar”, integrada no programa “Viseu Cultura”, sem a qual este evento não seria possível mas as atenções rapidamente se viraram para os três artistas presentes: Cristina Ataíde, Neeraj Bhatia e Pedro Pires.

A visita ao percurso de esculturas começou pela obra de Cristina Ataíde, a artista portuguesa levou-nos até a uma formação rochosa sobre a qual interveio usando precinta. Intitulada “Por favor, segue a Linha Vermelha”, a sua obra é um desenho tridimensional elaborado na e com a paisagem, patenteando várias frases inscritas que “convidam o visitante a olhar para o envolvimento e a interagir com ele”, explicou.

O percurso continuou com o canadiano Neeraj Bhatia, responsável pelo atelier The Open Workshop, que desenvolveu a obra apresentada em Viseu. Inspirado pelas pinturas de Grão Vasco e com o intuito de transformar um lugar de passagem num lugar de paragem e contemplação, o arquiteto desenhou um espaço composto por três elementos que entre eles formam um triângulo exterior e uma Praça interior. Intitulado “Garden of Framed Scenes”, a estrutura, com várias aberturas permite que estejamos permanente ligados à sua envolvente, recontextualizando-a.

A visita seguiu até à obra de Pedro Pires, “14.000 Newtons”, um crânio de dois metros e meio feito de coletes salva-vidas. Como o artista explicou, e como é aparente, a sua obra reflete o tema da migração. Mais concretamente surge depois de uma viagem que fez a Lesbos onde trabalhou como voluntariado e onde viu chegar vários barcos com refugiados/migrantes. Aqueles momentos deixaram impressões fortes e, dois anos depois, esta obra – cujos olhos são forrados com o plástico de um desses barcos – é criada para que se abra espaço à discussão desta temática.

A última palavra coube a João Dias para lembrar que o POLDRA se vai prolongar ao longo do ano com outros eventos, sendo que o próximo acontece já dia 15 de Setembro, pelas 16h30 no Solar do Vinho do Dão. Trata-se de uma talk entre Emília Ferreira (Diretora do Museu Nacional de Arte Contemporânea, Lisboa-Portugal) e Stella Ioannou (Codirectora de “Sculpture in the City”, Londres-Reino Unido).