Where are we now

“‘Where are we now?’, pergunta David Bowie numa das músicas do seu penúltimo álbum (2013). A música descreve um homem idoso a passear por Berlim, reflectindo sobre as mudanças que aconteceram em 1989. A questão de Bowie (2013) acontece num momento em que regressam questões e tecnologias que deveriam já ter desaparecido, tal como um muro a dividir um país entre Este e Oeste. Noutros tempos, a queda de um muro antecipava uma nova Era e a promessa de um futuro global pacífico. A tecnologia que rapidamente se seguiu – o telemóvel e a Internet alimentaram visões de uma sociedade aberta, móvel e transparente.”
– In: Deutinger, Theo, Handbook of Tyranny, 2018, Lars Muller Publishers, p.7, tradução livre de Pedro Pires.

“Where are we now” retira o título desta música de David Bowie e serve de ponto de partida para pensar sobre o conceito de divisão. Luanda, a cidade em que nasci, foi povoada por gradeamentos a partir dos anos 90. Surgiram em todo o lado, principalmente nas janelas, varandas e outros elementos das casas e prédios habitacionais, invadindo lentamente a cidade, ao ponto de se tornarem parte da sua estética. Os gradeamentos tomam todas as formas e padrões, construídos com elementos decorativos que procuram subtilmente torná-los mais transparentes e integrados.
Os elementos que uso para construir esta obra são produzidos em massa e usados para decorar portões e gradeamentos, inspirados em formas da natureza.

Ficha técnica

Pedro Pires, 2021

Autoria: Pedro Pires
190 x 69 x 38 cm
Ferro

Pedro Pires

Nasceu em Luanda (1978, Angola). Possui o mestrado em Fine Arts, atribuído pelo Central Saint Martins College of Design (Londres, Reino Unido). Licenciado (2005) em Escultura, pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa (Portugal). Em 2004 foi-lhe atribuída uma Bolsa “Erasmus” na Universidade de Artes Plásticas de Atenas.

No seu trabalho explora questões sobre identidade e estereótipos em relação direta com Educação, História e Instituições. Este interesse vem da sua experiência pessoal enquanto Angolano e Português. Explora a sua identidade e posição política, social e económica destes dois países e continentes. Usa diferentes meios, técnica e objetos do quotidiano que são fortemente utilitários e produzidos e massa, para construir vários significados figurativos e conceptuais de identidade em diferentes sociedades. Há uma constante preocupação em pensar sobre assuntos locais e globais, usando referências de contextos tradicionais, populares, locais ou estrangeiros.

Conta com mais de 10 anos de carreira artística, tendo o seu trabalho já sido exposto em locais como: Museu de Historia Natural de Angola; Museu de Belas Artes de Montreal, Canada; 1:54 Art Fair and Christie’s, Londres, UK; Lagos Biennial, Nigéria; Cape Town Art Fair, África do Sul; Grand Palais – ArtParis, França; Gallery Momo, Johannesburg e Cape Town, África do Sul; Lorne Biennale, Australia; ExpoChicago, Chicago, USA.

POLDRA - Van Size Public Art é uma iniciativa promovida e gerida pela PROMINENTCHANCE/João Dias STUDIO